17/07/2009

Lágrimas não me convencem

Parece que chorar diante da imprensa se tornou moda nos últimos tempos em Teresina. Primeiro foi o prefeito da capital, Sílvio Mendes, ainda durante o caos provocado pelas chuvas.


Depois, o secretário de Turismo do Piauí, Sílvio Leite, chorou ao pisar no “solo sagrado” do aeroporto internacional (?) de São Raimundo Nonato. O choro foi transmitido ao vivo pela manhã e reprisado à tarde. O close feito pela câmera enfatiza ainda mais o rosto “emocionado”.

O engraçado, é que as duas situações citadas acima ocorreram no mesmo canal de televisão, em Teresina. Ambos choraram “ao vivo”, para “deixar evidente” que não era uma encenação. Mas era sim.


Para mim, o choro, o colocar-se como vítima de uma situação ou emocionado diante de outra, é uma estratégia discursiva com o intuito de conquistar a adesão do interlocutor – no caso, quem assiste ao programa de TV: o cidadão comum, jornalistas e, inclusive, os demais políticos.

Outro que adotou esse tipo de estratégia foi o antes desconhecido Érico Luís Araújo, que se tornou personagem midiático com a confusão pela retirada dos camelôs do centro de Teresina. Ele, que se identificou como membro da Comissão Independente que Analisa o Processo de Remoção dos Camelôs, chorou no dia 25 de junho, em entrevista a um portal de notícias.

Acho muito pouco provável haver sinceridade num choro que se faz diante das lentes da mídia – este, um local de trocas e disputas de interesses, articulados discursivamente. Definitivamente, lágrimas não me convencem. Não mesmo.

2 comentários:

Fábio Maciel disse...

O jornalista deve ter muuuuuuito cuidado para não ser só um fantoche na mão dessas fontes - políticos, principalmente - que, na maioria das vezes, tratam o repórter como burro.

Ainda bem que essas lágrimas não te convencem, Fernanda! Beijo!

Thiago Amaral disse...

rapaz e uma graça essa turma chorando,principalmente esse Erico se fazendo de vitima,paciencia!