26/02/2012

Teresina, copie esta ideia!


Com uma atitude simples e sem muitos custos, Teresina poderia melhorar um pouco a vida dos usuários de transporte público da cidade, que sofrem um bocado por terem como única alternativa um serviço de péssima qualidade, apesar do valor da tarifa. O pior é que tem gente que acha ruim quando pessoas dispostas a lutar por mudança bloqueiam uma avenida. Ainda existe muito ignorância – e gente que se aproveita dela...

Na Alemanha em todas as paradas de ônibus há tabelas indicando quais linhas e os horários em que os ônibus passam no respectivo local. Eu não vejo dificuldade alguma em fornecer este tipo de informação, que aqui também é disponibilizada na Internet.

O que falta mesmo é vontade, um controle maior da prefeitura sobre o Setut - e não o contrário - e, sobretudo, mais eficiência. Será que as empresas cumprem realmente com os horários que deveriam cumprir? Cansei de ficar até mais de 40 minutos esperando sob aquele sol maravilhoso, sem nenhuma sombrinha para amenizar a situação.

Espero que o movimento #contraoaumento não pare. Pelo que acompanho no Facebook – apenas pelo Facebook, porque, apesar de todos os dias acessar os sites de notícia de Teresina, não vejo mais nada tratando do assunto – ainda há manifestações acontecendo. Eu acredito na possibilidade de mudança para melhor, mesmo que ela demore a ser percebida.

12/02/2012

Um “revival” da Idade Média!?

No último sábado (11), pessoas de várias cidades no mundo se organizaram para protestarem contra o ACTA. Fiz a foto acima na cidade de Dortmund, na Alemanha (a máscara que o homem da foto usa é símbolo do grupo ciberativista Anonymous)

A referência à Idade Média que faço aqui tem a ver com um assunto que vem despertando manifestações no mundo todo: a criação de acordos como o ACTA, SOPA e PIPA, ou qualquer outro tipo de cerceamento da liberdade de acesso e compartilhamento de conteúdos pela Internet.

Outro dia, quando conversava com minha amiga Laila sobre a retirada do site Megaupload do ar, ela disse uma coisa interessante, com a qual concordo: “o povo tá falando no dinheiro, mas acho que a questão principal é a cultura”. E eu respondi dizendo que era a Idade Média de volta. Na Idade Média (e aqui peço licença aos amigos historiadores e ajuda, caso eu esteja enganada) a habilidade de leitura era privilégio de poucos, em geral das pessoas ligadas à Igreja.

Não era fácil montar uma rede de comunicações naquele período, como informa "O Livro de Ouro da Comunicação", de Silvana Gontijo (2004), ao citar Jocques le Golf, em "A civilização do Ocidente Medieval": "A desorganização da rede de comunicações e de relações do mundo antigo entregou a maior parte do ocidente ao mundo primitivo das civilizações rurais tradicionais, preso ainda na pré-história (...)".

Hoje, com a Internet, a informação corre instantaneamente. A possibilidade de organização e de formação de redes de comunicação é imensurável. O acesso aos mais diversos livros, filmes, músicas, documentários e todo tipo de informação, além do seu compartilhamento, é permitido a todos que sabem ler e dominam as ferramentas disponíveis. Se acordos ou leis como o ACTA, SOPA e PIPA forem aprovados, o acesso a esses produtos estará restrito apenas àqueles que detêm recursos financeiros para adquiri-los. E pode ser o começo para restrições maiores nos próximos anos.

Por isso, acredito que não são somente as perdas financeiras de gravadoras, editoras de filmes, estúdios de cinema, que estão em jogo. Pode existir uma questão maior: o acesso à cultura e ao conhecimento. Com pessoas ignorantes os governos podem controlar mais facilmente sua população.

Acontecimentos recentes mostram que cada vez mais os governos tentam controlar o acesso das pessoas à informação. Há um ano, quando também estava na Alemanha, só que a passeio, compartilhei no Facebook dois links: um era para uma página do Estadão, que falava sobre a crise no Egito após milhares de pessoas se organizarem – pela Internet – para saírem às ruas e protestar pelo fim do regime de Mubarak: “Aterrorizado com o poder de mobilização de redes sociais, como o Twitter e o Facebook, Mubarak não teve dúvida: isolou o Egito do mundo ao desconectar o país inteiro da internet”, disse o texto.

O segundo link era para um texto do Observatório da Imprensa, também sobre o assunto e falando sobre a possibilidade de governos que se sentem ameaçados poderem impedir o acesso das pessoas à Internet e à telefonia móvel em momentos de crise.

Mas, como o próprio texto publicado no Estadão dizia, “seres humanos têm uma necessidade básica de se comunicar, então se você impedir a comunicação de uma maneira, eles acharão outra”. Que estejamos atentos a essas mudanças. Se 2012 é mesmo um ano de mudanças profundas para a humanidade, como apontam algumas teorias, que sejam mudanças que nos tornem mais lúcidos e dispostos a lutar pelo bem comum.

07/02/2012

Ida ao supermercado: um momento especial

Preciso voltar ao supermercado para
comprar alguns Hasenschokoladen


Ir ao supermercado é uma das coisas que eu mais gosto de fazer, principalmente se eu tiver uma listinha e for riscando o nome das coisas à medida que for colocando na cesta de compras. Melhor ainda quando eu gasto exatamente o que eu tinha planejado, mas isso é mania de gente exageradamente metódica.

Quando morava em Portugal um dos meus programas preferidos em Braga era ir ao supermercado “Pingo Doce” que ficava perto da residência universitária onde eu vivia – só não era melhor quando tinha que comprar um garrafão pesado com água. Em Teresina, ir ao supermercado com a minha mãe (geralmente o Comercial Carvalho grande do Dirceu) é sempre um momento de descontração. Mas hoje a minha ida ao supermercado foi mais que especial: pela primeira vez fui SOZINHA aqui, em Arnsberg, na Alemanha.

Eu olhava ao redor vendo todas aquelas coisas com nomes em outro idioma e os cartazes anunciando as promoções, tudo em alemão... mas, o melhor: eu conseguia entender. Não, meu alemão ainda não está no nível que eu preciso para viver aqui, mas acabei aprendendo palavras novas, associando aquilo que eu via aos respectivos nomes. Uma das palavras novas foi “Hase” (der Hase: coelho), que havia nas embalagens de uns coelhinhos da Páscoa feitos de chocolate, bem baratinhos (Haseschokoladen) – aliás, acho que amanhã voltarei para comprar alguns... =D

Depois de algum tempo de contemplação diante daquelas prateleiras, fui, finalmente, ao caixa, pagar os dois pacotes de Brötchen (pães) que eu tinha ido comprar. Aqui na Alemanha para tudo que você pede você fala “bitte” (por favor) e você deve sempre agradecer com um “Danke”, "vielen Dank" ou “Danke schön”. No Brasil também, mas aqui eles praticam isso bem mais.

Parecia que eu estava fazendo, ao vivo, meu curso de alemão online da BBC, porque a atendente falava exatamente como a personagem da lição em que eu aprendi como pedir coisas na hora de ir a um supermercado ou padaria... até a entonação era a mesma. Ela falou o valor que eu deveria pagar, seguido do “bitte”. Depois de pagar os pãezinhos, fiz questão de dizer: “Danke schön!” e ela respondeu, do mesmo jeito que a moça do diálogo da BBC, com um “bitte schön!”.

04/02/2012

Saindo de Teresina para Frankfurt

Pausa no aeroporto de Lisboa ajudou a matar
um pouco as saudades das terras lusitanas

Saí de Teresina na quinta-feira (2) às 5h20 (os horários aqui mencionados são dos respectivos locais). Cheguei a Brasília às 8h40 e lá fiquei até 19h. Deveria ter seguido direto para Lisboa e chegar na sexta, às 6h15, e lá pegar um voo para Frankfurt às 8h35. No entanto, o voo que saiu da capital brasileira teve de fazer uma parada em Fortaleza: um passageiro começou a passar mal.

Duas brasileiras que estavam sentadas ao meu lado disseram que o homem poderia ter passado mal depois de uma forte turbulência que, por sinal, não vi e nem senti, pois aconteceu enquanto eu dormia (praticamente desmaiada de cansaço, depois de 10 horas no aeroporto de Brasília procurando o que fazer para ver se tempo passava). =D

A informação mais concreta que conseguimos, repassada por um comissário da TAP, era de que o homem estava “morrendo”. Graças a Deus esse homem não morreu. Pelo menos não enquanto ainda estávamos em solo cearense. No entanto, ele teve de ser levado a um hospital.

Essa pausa em Fortaleza durou cerca de duas horas. Resultado: cheguei a Lisboa quase 9h e tive de remarcar o bilhete para a cidade alemã. Ainda no Brasil, enviei SMS para meus chefes na Alemanha avisando sobre o ocorrido, para que eles não estranhassem o meu atraso.

Perder o voo de Lisboa a Frankfurt foi até bom para matar um pouco da saudade das terras lusitanas. Enquanto eu aguardava dar 13h para eu ir ao portão de embarque, dei umas voltas pelo aeroporto e senti que eu já estava na Europa, ao perceber, entre outras coisas, o modo de falar e de se vestir daquelas pessoas ao meu redor. *_*

Quando remarquei o voo para Frankfurt, a TAP me entregou um voucher no valor de 16 euros para comer “qualquer coisa”,como me disse a atendente, enquanto eu aguardava o voo para a Alemanha. Comprei qualquer coisa: três fatias (deliciosas) de pizza, refrigerante, mousse de chocolate, salada de frutas e ainda um cafezinho. Não aguentei tomar esse cafezinho e passei o comprovante para uma das brasileiras com quem conversava enquanto fazia o meu pequeno lanche.

Ela, que mora na Suíça, falou algumas coisas que eu não sabia sobre o lugar. Entre outras histórias, disse que lá, ao completar 16 anos, o filho é obrigado a sair de casa e, sempre que for fazer uma visita aos pais, deve agendar. No final das contas, ela quis reforçar o quanto lá eles são formais, mesmo quando se trata de pessoas da mesma família. Segundo ela, os suíços são mesmo “frios”, diferentemente de nós brasileiros, mais calorosos, sentimentais e,por que não, humanos.

Talvez na Alemanha o comportamento das pessoas não seja muito diferente do que acontece na Suíça, de acordo com a versão dessa brasileira com quem conversei – não quero julgar e não posso falar muito sobre o povo suíço, porque estive por lá apenas dois dias e a impressão que me passaram é de que são organizados e muito educados; fora isso, seria complicado eu fazer alguma avaliação. Espero que eu me surpreenda de maneira positiva em relação a isso. Vamos ver.

O fato é que estou chegando na Alemanha para trabalhar e estudar o idioma. Como diz minha amiga Aline, vou “me jogar” nessa experiência e ver o que ela me traz de bom. Algum aprendizado, certamente, eu terei. Saberemos qual ou quais nos próximos posts.