01/11/2009

Do que sinto

Peço desculpa pela atualização falha nos últimos tempos. A ausência de uma rotina na minha vida desde que cheguei a Portugal me deixa meio confusa. Mas vou tentar, dentro do que me for possível, manter as postagens do blog. Não falarei – pelo menos não neste texto – sobre a viagem a Paris. Se é pra transformar este blog em um “diário pessoal”, o farei de uma vez. Talvez os textos mais “técnicos” (ou não-pessoais) voltem a ser publicados depois que essa minha experiência aqui acabar e eu voltar ao Brasil. Mas, agora, quero falar do que sinto. Não reparem se não entenderem algumas das coisas que nele falo, pois esta é também uma espécie de desabafo...

Já faz um mês e dez dias que cheguei a Portugal. Muita coisa aconteceu neste espaço de tempo, ainda que relativamente curto. Parece que as emoções ficam mais fortes e os sentidos à flor da pele quando se está longe de casa e longe de tudo com o que se está acostumado. No início, parecia até mais uma viagem como as outras – um pouco mais demorada, mas parecia ser uma viagem como as que havia feito antes –, mas aos poucos a “ficha” foi caindo.

Michelly, Laila, Ricardo, Gabi – e agora a Bárbara – são os amigos mais próximos. São minha família aqui. Pessoas com quem tenho dividido as dúvidas, os medos, as alegrias e os mais diversos momentos vividos nos últimos 40 dias. Brincando – mas com o fundo de verdade inerente a toda brincadeira… – Ricardo, eu e Laila chegamos a comparar nossa vida aqui a uma espécie de “Big Brother” (que coisa, né?): toda palavra tem um efeito maior, toda atitude pode ferir ou causar alegria de forma mais intensa, além do fato de que todo mundo (refiro-me aos residentes de Santa Tecla…) sabe do que o outro faz, fica todo mundo de olho… hehehe

Só que, diferente de um reality show, quem me vê aqui são apenas as pessoas com as quais convivo – e as que moram na residência... Então, foda-se! (aqui “foda-se” é uma expressão pronunciada uma vez a cada cinco palavras ditas…) Quero mais é viver intensamente e aproveitar as oportunidades que me têm surgido. Estudar, conhecer, aprender, falar mais, sem medo de julgamentos…

Apaixonar-me, decepcionar-me, iludir-me, desiludir-me, sem medo do que vem depois. Sem compromisso. Ou melhor, com o compromisso de viver intensamente. Afinal, daqui a seis meses vou embora. Aliás, daqui a menos de cinco meses. E a maioria dos que estão aqui também vão embora na mesma época. Parece até que vivo agora uma vida “paralela” à minha existência real. Uma oportunidade também de descobrir quem sou eu e o que eu quero (?).

Mesmo nas horas difíceis, como quando bate a saudade ou quando eu me decepciono aqui, há um lado bom. A saudade é um sinal do amor que sinto por quem está longe e cada decepção me mostra mais sobre o ser humano, seja ele vindo do meu país ou não. Meus erros também ficam mais perceptíveis para mim e, consequentemente, os pontos em que devo melhorar. Aqui não tenho medo de errar. O bom é que aqui encontrei pessoas que compartilham dessa ideia e que me ajudam a ter coragem de viver sem medo de errar – de toda experiência se deve obter um aprendizado. Não quero saber do que veio antes, nem do que vem depois. Quero saber de agora.

Uma certeza tenho: já não sou mais a mesma e a mesma também não serei quando voltar. O aprendizado, não apenas no âmbito acadêmico, tem sido constante. Todo dia uma nova lição. Já sorri quase sem parar e também já tive muita vontade de chorar (só que não consegui e fiquei com um nó dentro de mim…). Tenho aprendido com as situações e com as pessoas. E agradeço a todas elas, mesmo as que de alguma forma tenham me feito ficar triste – estas foram poucas até agora. Encerro este texto com uma declaração: Laila, Gabi, Michelly, Bárbara e Ricardo, isso aqui não seria a mesma coisa sem vocês.