Às vezes me pergunto o que a Gyselle Soares fez de extraordinário para o Piauí. Tudo bem, eu até posso reconhecer que ela tornou a Cajuína Cristalina em Teresina mais conhecida, graças ao chamamento carinhoso atribuído a ela pelo nada exemplar jornalista Pedro Bial (este trata os jogadores do BBB como heróis. O que há de heróico naquilo?). Fora isso, não sei o que ela acrescentou de bom para o estado.
(Aliás, cadê a Gyselle mesmo?)
De acordo com o dicionário da língua portuguesa, herói é aquele que se torna ilustre “por feitos de grande coragem”. Já a celebridade, diz respeito, simplesmente, à “fama, renome”, sem, necessariamente, fazer algo de relevante, construtivo.
O que o ocorre é uma confusão entre os conceitos de herói e celebridade, estimulada pela mídia. Essa desordem na aplicação dos conceitos resulta em efeitos como este, de glorificar pessoas que não fizeram nada de representativo. A Gyselle só fez bem a ela mesma. E, diga-se de passagem, contribuiu para a disseminação da imagem do piauiense ignorante.
Assim como a Gyselle, todo dia surgem novos personagens que se tornam célebres, mas acabam recebendo a alcunha de heróis. É o caso da Stefhany (que agora saiu do seu Cross Fox e o trocou por outro carro!). Não que eu duvide do talento musical da moça, longe de mim! Ela tem todo direito de buscar sucesso, o que não pode é a gente atribuir feitos heróicos a alguém que não influi nem contribui para a construção de um Piauí melhor.
Na mesma linha segue o Lucas Celebridade, entrevistado recentemente pela Folha de São Paulo (é sério, eu tenho medo, muito medo!). Ele, que é da cidade de Luzilândia, ficou “famoso” através do seu blog – lugar onde expõe ensaios fotográficos sensuais (?).
Para mim (e para meu professor de Psicologia e Comunicação.. afinal, todo discurso é polifônico!), uma pessoa que poderia realmente ser reconhecida como uma heroína do Piauí é a arqueóloga Niède Guidon, apesar de toda a sua arrogância. Imagino que não deve ter sido coisa fácil lutar contra a má vontade do poder público e a ignorância de muitas pessoas, no intuito de preservar um patrimônio da humanidade, que é a Serra da Capivara e seus sítios arqueológicos.
P.S.: Quem mais pode, realmente, ser considerado um herói no Piauí? Aguardo as sugestões. O espaço para comentário fica logo abaixo... =)
5 comentários:
rapaz o que leva a folha de são paulo a entrevistar o lucas celebridade,kd a tal de cajuina,niguem nem escuta mais falar,e assim como esses outros sugirão querendo fama usando o nome do Piauí e depois esquece as origens...parabens fernanda!
No final das contas, Fernanda, essa "midiotização" aqui na nossa terra querida é reflexo do que é valorizado a nível nacional. Uma pena.
O verdadeiro herói não é movido por holofotes. Ele sabe o que tem que fazer e, mesmo que ninguém mais no mundo acredite na sua missão, ele vai lá e faz. Já pensou se a Niède só tivesse feito o que fez nesses anos todos se movida a aplausos?
Enfim, esses serão apenas ondas e daqui há 30 anos talvez todos lembrem mais de Niède Guidon do que deles.
Sou um confesso crítico daqui. É dificil eu gostar de alguma coisa, sempre tem algo que desagrada. A gyselle, ou seja lá como se escreve..., pelo menos protege a mata atlantica. Sim, duvido muito dos dotes artísticos da Stefhany, ou seja lá como se escreve..., e não considero São Raimundo Notato um bem para Piauienses se orgulharem.
Vejo os piauienses com um orgulho besta de alguma coisa que eles não tem, que nós não temos, perdão. Este orgulho besta de ser uma pessoa daqui só me faz criticar ainda mais... Somos daqui mesmo? o.O
Ah, não acredito em heróis...
Opa, estamos aqui falando de senso de pertencimento.
Porque não estou surpresa por todos aqui se sentirem mais inclinados a aceitar uma intelectual francesa como símbolo de Piauí do que uma menina que canta forró industrial que veio de Inhuma e apareceu no Huck montada num jegue...
Não combina mesmo com o gosto dos universitários de classe média. É feio, né?! Como gostar de uma boneca barbie-sthefany?
Antes de sentir que estou sendo democrática dando minha opinião num comentário desse blog, essa mídia dita plural, me sinto parte de uma parcela restritíssima da população piauiense que tiveram a oportunidade que a Sthefany e a Giselle não tiveram, e que a Niede Guidon teve bem mais do que a gente, de se "intelectualizarem"...e dizerem suas "opiniões com crivo científico" pra mesma parte do Piauí que não é excluída digitalmente.
Glorificar, pra mim, seria um defeito da mídia e da história, seja com relação a uma celebridade que ela acha que merece, seja com relação a um ou outro intelectual ou a uma celebridade de playboy. Glorificar é sempre reducionista: seja a Niede Guidon, seja a Sthefany.
A história sempre esqueceu de dizer muita coisa pra glorificar umas poucas outras.
Porque, pelo que eu percebo, sempre são poucas pessoas dizendo que estão contando a história de muitas outras.
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