21/03/2012

Palavras que não falam


Hoje, quando navegava no Facebook, vi um post com um trecho de Nietzsche que me fez lembrar o livro "Até que ponto, de fato, nos comunicamos", do Ciro Marcondes Filho, em que afirma a impossibilidade de haver uma comunicação completa, satisfatória, entre nós, humanos (um livro pequeno, entretanto, denso. Uma leitura que quero repetir - e que não será a mesma depois de cinco anos).

Na citação de Nietzsche, retirada do texto "O Crepúsculo dos Ídolos", o filósofo discorre sobre a insuficiência das palavras para expressar aquilo que sentimos e as experiências que vivemos.

Eis o trecho:

As coisas que de fato nos acontecem não são absolutamente nada eloquentes. Mesmo que os acontecimentos quisessem comunicar-se por si, não poderiam fazê-lo. É porque para tal lhes faltam as palavras. Somos sempre superiores às coisas que podemos exprimir por meio de palavras. A linguagem parece ter sido inventada para comunicar apenas as coisas medíocres, vulgares, comunicáveis.

Não li este livro, mas me identifiquei com a passagem. Amo escrever, mas às vezes tenho a sensação de que não consigo dizer o que eu realmente gostaria ou do jeito que imaginava. Se a linguagem foi mesmo inventada para comunicar apenas coisas medíocres, isso, de certa forma, me conforta. Obrigada, Nietzsche!

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