O "Mutterpass" alemão. Em tradução livre, "passaporte de mãe" |
Tudo começa com um teste de farmácia positivo. Vem então a euforia pela novidade e então a preocupação em acompanhar tudo direitinho para que a gravidez corra com tranquilidade. Foi assim comigo.
Geralmente a confirmação da gravidez com o auxílio de um exame de ultrassom ocorre entre a quinta e a sexta semana de gestação. Aqui na Alemanha, após a confirmação, o consultório médico prepara então o "Mutterpass", ou, em tradução livre, o passaporte de mãe.
A cada consulta com a ginecologista, o Mutterpass deve ser levado, pois é nele que o médico registra os dados de cada avaliação realizada. Nele são registrados o peso da mulher, tipo sanguíneo, resultados de exames de sangue realizados, posição do feto e outras informações importantes.
A indicação é que a grávida sempre leve o Mutterpass, para onde for, pois, no caso de uma emergência, qualquer médico ou
farmacêutico saberá, com base nesses dados, medicar
ou adotar outro procedimento de forma adequada.
Durante a gravidez, os médicos realizam na Alemanha três exames de ultrassonografia, pagos pela caixa de saúde: um na décima semana de gestação, outro por volta da vigésima e o último próximo à trigésima. Claro que há médicos - como a minha - que a cada consulta dão uma olhadinha "básica" com o aparelho de ultrassom para checarem o estado do bebê. Há aqueles que são ainda mais legais - como a minha também! - e que a cada consulta dão uma "fotinha" para a futura mamãe guardar de recordação.
O que deve ser feito semana a semana de gravidez Fonte: Eltern Ratgeber, November 2013 - März 2014 |
Mais ou menos na vigésima quinta semana de gravidez, a mãe e o pai podem frequentar o "Geburtsvorbereitungskurs", que quer dizer curso de preparação para o nascimento. Durante cerca de seis semanas, uma "Hebamme" ou doula/parteira, dá treinamentos de respiração, o que pode auxiliar no momento do parto, faz com os pais exercícios físicos e presta informações as mais diversas sobre os temas gravidez e nascimento. O curso também é pago pela caixa de saúde - em alguns casos, o pai precisa pagar do seu bolso para participar.
As grávidas que desejarem, podem contactar uma doula para fazer seu acompanhamento durante e após a gravidez, também paga pela caixa de saúde. A minha fez acompanhamento somente após o parto, o que para mim foi suficiente, já que minha gravidez foi bem tranquila. No meu caso, ela fez visitas nos primeiros dias de "Wochenbett", ou o que chamamos de "resguardo", para dar dicas sobre amamentação e cuidados com o bebê. Enfim, era alguém com quem eu podia contar para tirar dúvidas. O ideal é que a partir da confirmação da gravidez, a grávida já comece a procurar uma doula, pois em algumas regiões o número de profissionais dessa área é bem restrito.
Na Alemanha, assim como na maioria dos países da Europa, aguarda-se a hora do parto para que aconteça de forma natural. A não ser que haja algum risco - risco aqui não é cordão enrolado no pescoço do bebê ou quadril muito estreito, desculpas que muitos médicos inventam no Brasil para agendar uma cesariana.
Fiquei muito feliz por ter meu filho em um parto normal. Não foi tão natural quanto eu gostaria, com aquilo de ir para o hospital somente quando eu sentisse as dores... A minha médica me encaminhou para o hospital na quadragésima semana - na data em que estava previsto o nascimento do meu bebê -, porque havia já pouco líquido amniótico em meu útero. Segundo ela, o hospital poderia a partir de então me acompanhar mais de perto e, talvez, fosse necessário induzir o parto, o que acabou acontecendo.
O interessante é que aqui o parto é realizado por uma doula. Na sala de parto, são só você, um acompanhante, em geral o pai do bebê - o que pra mim foi um apoio essencial... o coitado me via gritando de dor e não podia fazer muita coisa, mas só a presença dele me deixava mais calma - e a doula. O médico vai lá apenas no final, para avaliar a saúde do bebê e da mãe. Mas, para as mães que por algum motivo não conseguem ter um parto normal, há sempre cirurgiões de plantão para realizar uma cesariana de urgência.
Após o parto, a mãe e o bebê ficam ainda cerca de três dias no hospital, no caso de um parto normal, e, quando há cesariana, até cinco dias.
Achei o acompanhamento da minha gravidez aqui na Alemanha muito bem feito. Eu podia sempre tirar minhas dúvidas com os profissionais que me atenderam, tive muito material à disposição para ler e me informar. Foi tudo muito tranquilo.
Algumas das publicações a que tive acesso durante as consultas à médica e ao curso de preparação para o nascimento |
Tenho apenas minhas críticas em relação à indução do parto. Não sei se porque eu queria que tudo tivesse acontecido sem eu precisar nada disso ou se porque realmente não era necessário. No entanto, mesmo durante o tempo em que fiquei internada no hospital, fui muito bem atendida. O hospital parecia um hotel... até banho com essências para relaxar, em uma das noites de contrações super-hiper-mega-fortes causadas pelos medicamentos, uma doula preparou pra mim.
Um parto não é algo romântico. Dói muito! No meu caso, foram dores durante os dias em que fiquei internada para a indução e durante o parto. A mulher aqui pode pedir anestesia - a PDA. Eu a pedi já quase no final e a doula já não me deu mais, senão seriam pelo menos mais duas horas até que meu filho saísse. Mesmo assim, depois de tê-lo nos braços - o que aconteceu quase em seguida ao seu nascimento - esqueci toda dor que senti e chorei de felicidade!
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