03/01/2012

Embriague-se


É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acorda, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio, responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.

Baudelaire

(Fonte: Agenda Cultural 2012, Editora Instituto José Luís e Rosa Sundermann. Você pode ler o texto original, em francês, aqui.)

É com esta mensagem que começo neste blog em 2012. Espero que este ano você se embriague de amor, de poesia, de sonhos, de leituras, de novos aprendizados, de amigos, de viagens e de bons pensamentos...

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