Foto: Exame.com |
Nos últimos anos, é inegável o crescimento do uso das redes sociais na Internet e sua influência em nossa vida. Essa influência vai desde a forma como as pessoas se enxergam diante “do mundo” (pelo menos diante daquele círculo ao qual fazem parte na rede, o que às vezes pode ser triste, se a pessoa levar em consideração a quantidade de likes e “amigos” que possui como referência para um auto-julgamento) e como querem construir sua imagem perante os outros; até às notícias que acabam por assumir maior repercussão numa sociedade. A Internet trouxe muitas coisas boas – sobretudo o acesso às mais diversas informações –, mas também trouxe coisas ruins.
Antes, os meios de comunicação que mais influenciavam a opinião pública podiam ser a televisão, o rádio e os jornais. Quem filtrava o que chegava até nós, eram os respectivos editores ou os donos das empresas jornalísticas. Hoje, a Internet – e falo, acima de tudo, das redes sociais – realiza papel crucial quanto a isso. Não há mais um editor que lhe diga ao que você tem acesso ou não. Pelo menos nos países democráticos, como é o caso do Brasil, é possível ter acesso à informação, em geral, de maneira livre.
O problema é que os avanços pelos quais a grande rede passa todos os dias ocorrem numa velocidade em que a maioria das pessoas não consegue acompanhar.
Todos os dias é possível ver uma quantidade de informações inverídicas circulando em grande escala. E, como muitos ainda não desenvolveram bons “filtros”, informações distorcidas ou mesmo falsas, acabam adquirindo o status de verdade. Pessoas se revoltam e realizam protestos, em frente à tela do computador ou do smartphone. Ou então da varanda de casa, batendo panela.
Em 2014, meses antes das eleições presidenciais no Brasil, observando comentários e compartilhamentos de notícias e textos no Faceboook, tanto em páginas escritas em português (brasileiro ou europeu), como escritas em alemão, tive vontade de começar uma pesquisa sobre o ódio que se manifesta na Internet. Percebi que esse sentimento exacerbado não é uma exclusividade brasileira.
Enquanto que, no Brasil, já não se conta o número de casos de pessoas que xingaram nordestinos no Twitter ou que encerram amizades todos os dias com pessoas de opinião política contrária, na Alemanha o ódio que percebi se manifestar nos últimos tempos foi contra refugiados de guerra que recebem ajuda do governo para sobreviverem aqui.
Muitos dos “pagadores de impostos” na Alemanha (equivalentes às "pessoas de bem no Brasil"), que de país pobre não tem nada, acham um absurdo que um refugiado receba o mínimo para comer e um teto – muitas vezes caindo aos pedaços – para dormir debaixo. Muitos anônimos também expressam seu ódio na rede contra estrangeiros e adeptos de outras religiões, como a mulçumana.
No último dia 17 de fevereiro, o programa Nano, da rede de TV alemã ZDF, veiculou uma reportagem com o título “A-Soziales Net”, que falou sobre o ódio na Internet. O vídeo tentou responder, com ajuda de um filósofo, um sociólogo e um especialista em redes sociais, porque o ódio na Internet se manifesta tão facilmente e o que podemos fazer contra isso. Os pesquisadores afirmaram que na Internet existe uma espécie de economia da atenção: quanto mais radical uma opinião é, mais atenção ela recebe. Assim, qualquer um pode a qualquer hora espalhar o ódio.
Nos falta educação na área digital. Enquanto não tivermos regras, isso não vai mudar. Mas isso não será por meio de leis ou imposições, deve partir de cada um. Quem não tolera este tipo de atitude, precisa lembrar o seguinte: o que não obtém atenção, desaparece rápido e não se espalha.
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