12/09/2006

Industrialização subdesenvolvida

A industrialização brasileira na década de 70 está intimamente vinculada ao regime de governo ao qual o Brasil foi submetido de 1964 a 1985: a ditadura militar. Entre avanços e retrocessos, o país modificou-se significativamente nos aspectos político, cultural, social e econômico.
O governo militar buscou a integração da economia brasileira ao sistema capitalista. Para isso, dentre outras medidas, concedeu vantagens aos investimentos estrangeiros, investiu no setor energético, nos transportes e nas comunicações, dando condições ao desenvolvimento industrial.
O primeiro presidente dessa fase política, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, assumiu posições favoráveis ao capitalismo norte-americano. Declarou-se inimigo da idéias socialistas, repreendendo várias entidades sociais. Na economia, buscou combater a inflação.
A partir de 1967, com a mudança de governo, houve transformações na economia do país. Costa e Silva, o então presidente, agora não mais enfatizava o combate à inflação, como fazia seu antecessor. Ele julgou que essa atitude provocava desemprego e recessão na economia. Passou a investir no desenvolvimento, facilitando o crédito, incentivando o consumo de bens duráveis, tabelando os juros e controlando os aumentos de preços. Essas medidas iniciaram um processo de crescimento econômico, em especial no setor industrial.
Em 1969, tinha-se início o governo do militar Garrastazu Médici, marcado por ser o auge da repressão. No plano econômico, criou um Programa de Metas e Bases de Governo, propondo transformar o Brasil numa grande potência. Esse desenvolvimento econômico, denominado pela propagando oficial de “milagre brasileiro”, teve como base o aumento da produção industrial, o crescimento das exportações e a grande utilização de empréstimos do exterior.
No entanto, esse “milagre” durou pouco tempo. Como esse desenvolvimento estava condicionado à conjuntura internacional e à tomada de empréstimos de bancos estrangeiros, uma crise no mercado internacional abalaria fortemente a economia brasileira. E foi isso o que aconteceu. Em 1973, com o aumento do petróleo no âmbito mundial, o Brasil sofreu grande impacto. Houve o crescimento da inflação e o aumento da dívida externa. Essa crise econômica fez com que o governo militar perdesse um de seus principais argumentos para sustentar-se no poder.
Durante o governo Geisel, de 1974 a 1979, houve expansão das indústrias de bens de produção, como máquinas, equipamentos pesados, aço, cobre, energia elétrica etc., através das chamadas “obras faraônicas”. Uma dessas obras grandiosas foi a assinatura de um acordo com a Alemanha para a implantação de um programa de produção de energia nuclear. O acordo foi um enorme fracasso e provocou o disperdício de uma quantia fabulosa de recursos.
A formação histórica do processo de industrialização brasileira contribuiu para que hoje se tivesse uma economia subordinada aos países desenvolvidos. Percebe-se que a indústria brasileira sempre foi dependente do capital internacional. A absorção de tecnologias estrangeiras é prova disso. Não há, no Brasil, tantos incentivos às pesquisas e à criação de novas tecnologias, assim como nos Estados Unidos e Japão, por exemplo.
Para que haja maior desenvolvimento em um país, é necessário investir em educação de qualidade, estimular a produção de novos conhecimentos. No entanto, isso pouco acontece aqui e, dificilmente, acontecerá de forma mais evidente no Brasil. Esse fato implicaria em brasileiros mais críticos, cogniscentes de seus direitos, o que não é favorável às classes dominantes, estruturas que já compõem a história do Brasil desde o início de sua formação.

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